Trump 'sem dúvida' quer derrubar governo da Venezuela, diz aliado de Maduro à BBC<div>Trump 'sem dúvida' quer derrubar governo da Venezuela, diz aliado de Maduro à BBC</div>
Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab
AFP via Getty Imagens, via BBC
Não há “nenhuma dúvida” de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está tentando derrubar o governo da Venezuela, disse à BBC o procurador-geral do país, Tarek William Saab, que é um aliado próximo do presidente Nicolás Maduro.
Saab afirmou que Trump quer transformar a Venezuela em uma “colônia” dos Estados Unidos.
Trump acusa Maduro de ser o líder de uma organização de tráfico de drogas — o que ele nega. Há temores no governo da Venezuela de que o aumento da presença militar americana tenha como objetivo remover Maduro do poder.
Os EUA afirmam ter matado ao menos 43 pessoas em ataques contra supostos barcos de traficantes de drogas que partiram da América do Sul. Trump declarou que o país está “olhando agora para a terra”, depois de ter “controlado muito bem o mar”.
Quando questionado sobre a possibilidade de uma invasão terrestre da Venezuela, Saab disse ao programa Newshour, da BBC, que “isso não deveria acontecer, mas estamos preparados”.
Ele acrescentou que a Venezuela “ainda está disposta a retomar o diálogo” com os EUA, apesar de sua “ilegítima” luta contra o tráfico de drogas.
Trump reafirma discurso de guerra contra o tráfico de drogas na Venezuela
Os EUA estão entre as várias nações que não reconhecem Maduro como líder legítimo da Venezuela, com fortes críticas às últimas eleições do país, em 2024. Apurações paralelas da oposição, feitas nas seções eleitorais, mostraram que seu candidato havia vencido por ampla maioria.
Saab afirma que os EUA querem uma mudança de regime na Venezuela, acusando o país de almejar tomar os recursos naturais venezuelanos, incluindo reservas de ouro, petróleo e cobre.
Membros do Congresso americano de ambos os partidos expressaram preocupações sobre a legalidade dos ataques de Trump contra embarcações e sobre sua autoridade para ordená-los.
O senador republicano Lindsey Graham disse a jornalistas no domingo (26/10) que futuros ataques terrestres eram uma “possibilidade real” e que Trump lhe contou que planeja informar os membros do Congresso sobre futuras operações militares quando retornar da Ásia.
Nos últimos dois meses, os EUA vêm aumentando gradualmente a presença de navios de guerra, caças, fuzileiros navais, aviões espiões, bombardeiros e drones no Caribe — algo que o país apresenta como parte de uma ofensiva contra o tráfico de drogas e os chamados “narcoterroristas”.
Muitos analistas acreditam que essa movimentação também faz parte de uma campanha mais ampla de intimidação, com o objetivo de retirar Maduro do poder.
O líder venezuelano acusou os EUA de “fabricarem uma guerra” após o país também ordenar o envio do maior navio de guerra do mundo para o Caribe, o USS Gerald R. Ford, que ainda não chegou à região.
No domingo, o destróier lança-mísseis USS Gravely chegou a Trinidad e Tobago, país próximo à costa da Venezuela, como parte da maior mobilização militar dos EUA no mar do Caribe em décadas.
Oficialmente, o navio permanecerá no país até quinta-feira, para realizar treinamentos e exercícios conjuntos.
O governo venezuelano emitiu um comunicado condenando o que chamou de “provocação militar de Trinidad e Tobago em coordenação com a CIA”.
A Venezuela também afirmou ter capturado um “grupo de mercenários com informações diretas da agência de inteligência dos EUA” e alegou que “um ataque de bandeira falsa está em andamento” nas águas entre a Venezuela e Trinidad e Tobago. Uma operação de bandeira falsa é uma ação política ou militar realizada com o objetivo de culpar um oponente.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, já havia feito acusações semelhantes antes — incluindo a de um plano para plantar explosivos na embaixada dos EUA em Caracas, no início de outubro.
Reportagem adicional de Ione Wells.
LEIA TAMBÉM:
Governo Maduro pede que ONU exija aos EUA cancelar envio de navios à costa da Venezuela e fala de ‘gravíssima ameaça’
Capacidade para 5 mil pessoas e 90 aeronaves: conheça o ‘letal’ USS Gerald Ford, maior porta-aviões do mundo que Trump usa para pressionar Maduro; INFOGRÁFICO

By Marsescritor

MARSESCRITOR tem formação em Letras, é também escritor com 10 livros publicados.