Maduro canta ‘Imagine’ e pede paz aos EUA em meio à escalada militar no Caribe
Os presidentes Nicolás Maduro e Donald Trump passaram a sinalizar a possibilidade de diálogo, mesmo em meio à tensão crescente entre Estados Unidos e Venezuela. A mudança de tom ocorre logo após os norte-americanos enviarem ao Caribe o maior porta-aviões do mundo.
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▶️ Contexto: Desde agosto, os Estados Unidos têm mobilizado um forte aparato militar no Caribe, em uma operação que a Casa Branca diz ser voltada ao combate ao tráfico internacional de drogas.
A movimentação começou pouco depois de os EUA dobrarem para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão ou condenação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Ele é acusado pelo governo americano de chefiar o Cartel de los Soles, grupo recentemente classificado como organização terrorista internacional.
Autoridades da Casa Branca disseram à imprensa americana acreditar que o objetivo final da operação seria retirar Maduro do poder.
🕊️ Os acenos para uma aproximação acontecem ao mesmo tempo em que Maduro tenta reforçar uma imagem de calma. O presidente venezuelano tem arriscado frases em inglês e chegou a cantar “Imagine”, de John Lennon, em aparições públicas.
Enquanto Maduro afirma que a movimentação militar no Caribe tem como objetivo derrubá-lo do poder e tomar as reservas de petróleo da Venezuela, os Estados Unidos garantem que a operação busca combater o tráfico de drogas.
A atual operação dos EUA no Caribe conta com o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, e inclui outros navios de guerra, caças e milhares de militares.
Os EUA já confirmaram o ataque contra mais de 20 lanchas que, segundo a Casa Branca, operavam rotas de tráfico vindas da Venezuela e da Colômbia.
Veja a seguir três pontos da atual crise entre os dois países.
1. Pressão x ‘Imagine’
Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024.
AFP/Jim Watson
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou no domingo (16) que o governo americano planeja classificar o Cartel de los Soles como organização terrorista.
Na prática, a medida abriria caminho para ações militares contra Maduro, que é considerado pelos EUA como o líder do grupo.
No início deste mês, Trump chegou a afirmar que os dias de Maduro no poder estão contados.
Enquanto isso, Maduro alterna discursos sobre soberania com apelos pela paz, em inglês e espanhol. Em um comício no domingo, ele cantou “Imagine”, disse que a música de John Lenon é um “hino” e pediu “peace” (paz, em inglês).
No dia seguinte, o presidente venezuelano voltou a tocar “Imagine” e “Give Peace a Chance” em seu programa de TV. No mês passado, ele já havia pedido para que não houvesse “crazy war” na Venezuela — ou uma “guerra maluca”.
A tensão diminuiu nesta semana após Trump dizer que considera dialogar com Maduro, embora tenha reafirmado que não descarta uma operação militar na Venezuela.
“Em algum momento, vou falar com ele”, disse Trump na segunda-feira. No mesmo dia, Maduro respondeu que está pronto para um encontro “cara a cara” com o presidente americano.
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2. Estratégia conhecida
O presidente dos EUA, Donald Trump, em imagem de 30 de setembro de 2025
Ken Cedeno/Reuters
Para o analista político Mariano de Alba, o movimento anunciado por Rubio no domingo funciona como “pressão adicional para tentar convencer o regime de Maduro a abandonar o poder”.
Já Francisco González, especialista em integração regional, avalia que Trump repete a estratégia usada na crise com a Coreia do Norte em 2017. Ele aponta um padrão: elevar o tom até o limite e, depois, tentar construir a negociação a partir desse limite.
Segundo González, há divisões internas no governo americano entre um grupo mais pragmático e outro mais confrontador — onde está Rubio.
Um general venezuelano reformado disse à AFP, sob anonimato, que o diálogo serviria apenas para definir os termos da saída de Maduro.
“Se ele vai deixar o governo e se colocar à disposição das autoridades, ou se vai sair da Venezuela para solicitar asilo em outro país”, declara.
Outros analistas acreditam que Trump pode aceitar concessões no setor de petróleo em troca de manter Maduro no cargo.
3. Esperar para ver
Nicolás Maduro discursa durante manifestação na Venezuela
Stringer/AFP
De Alba avalia que Maduro só consideraria deixar o poder se parte do próprio governo o reconhecer que não há outra alternativa. Ele diz que, em caso de negociação aberta, o líder venezuelano não colocará sua saída na mesa.
Segundo ele, a tendência seria discutir “uma transição interna no chavismo ou a possibilidade de um novo processo eleitoral”.
Enquanto isso, Maduro mantém exercícios militares e novos alistamentos com forte conteúdo ideológico.
Mesmo reconhecendo não ter capacidade militar para enfrentar os EUA, o presidente venezuelano pode apostar em esperar para ver.
“Ver até onde pode chegar a administração Trump, até onde se atreve”, diz um analista ouvido pela AFP sob condição de anonimato. “Se os bombardeios seriam contra instituições do Estado ou apenas contra uma pista clandestina.”
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Os presidentes Nicolás Maduro e Donald Trump passaram a sinalizar a possibilidade de diálogo, mesmo em meio à tensão crescente entre Estados Unidos e Venezuela. A mudança de tom ocorre logo após os norte-americanos enviarem ao Caribe o maior porta-aviões do mundo.
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A movimentação começou pouco depois de os EUA dobrarem para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão ou condenação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Ele é acusado pelo governo americano de chefiar o Cartel de los Soles, grupo recentemente classificado como organização terrorista internacional.
Autoridades da Casa Branca disseram à imprensa americana acreditar que o objetivo final da operação seria retirar Maduro do poder.
🕊️ Os acenos para uma aproximação acontecem ao mesmo tempo em que Maduro tenta reforçar uma imagem de calma. O presidente venezuelano tem arriscado frases em inglês e chegou a cantar “Imagine”, de John Lennon, em aparições públicas.
Enquanto Maduro afirma que a movimentação militar no Caribe tem como objetivo derrubá-lo do poder e tomar as reservas de petróleo da Venezuela, os Estados Unidos garantem que a operação busca combater o tráfico de drogas.
A atual operação dos EUA no Caribe conta com o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, e inclui outros navios de guerra, caças e milhares de militares.
Os EUA já confirmaram o ataque contra mais de 20 lanchas que, segundo a Casa Branca, operavam rotas de tráfico vindas da Venezuela e da Colômbia.
Veja a seguir três pontos da atual crise entre os dois países.
1. Pressão x ‘Imagine’
Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024.
AFP/Jim Watson
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou no domingo (16) que o governo americano planeja classificar o Cartel de los Soles como organização terrorista.
Na prática, a medida abriria caminho para ações militares contra Maduro, que é considerado pelos EUA como o líder do grupo.
No início deste mês, Trump chegou a afirmar que os dias de Maduro no poder estão contados.
Enquanto isso, Maduro alterna discursos sobre soberania com apelos pela paz, em inglês e espanhol. Em um comício no domingo, ele cantou “Imagine”, disse que a música de John Lenon é um “hino” e pediu “peace” (paz, em inglês).
No dia seguinte, o presidente venezuelano voltou a tocar “Imagine” e “Give Peace a Chance” em seu programa de TV. No mês passado, ele já havia pedido para que não houvesse “crazy war” na Venezuela — ou uma “guerra maluca”.
A tensão diminuiu nesta semana após Trump dizer que considera dialogar com Maduro, embora tenha reafirmado que não descarta uma operação militar na Venezuela.
“Em algum momento, vou falar com ele”, disse Trump na segunda-feira. No mesmo dia, Maduro respondeu que está pronto para um encontro “cara a cara” com o presidente americano.
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2. Estratégia conhecida
O presidente dos EUA, Donald Trump, em imagem de 30 de setembro de 2025
Ken Cedeno/Reuters
Para o analista político Mariano de Alba, o movimento anunciado por Rubio no domingo funciona como “pressão adicional para tentar convencer o regime de Maduro a abandonar o poder”.
Já Francisco González, especialista em integração regional, avalia que Trump repete a estratégia usada na crise com a Coreia do Norte em 2017. Ele aponta um padrão: elevar o tom até o limite e, depois, tentar construir a negociação a partir desse limite.
Segundo González, há divisões internas no governo americano entre um grupo mais pragmático e outro mais confrontador — onde está Rubio.
Um general venezuelano reformado disse à AFP, sob anonimato, que o diálogo serviria apenas para definir os termos da saída de Maduro.
“Se ele vai deixar o governo e se colocar à disposição das autoridades, ou se vai sair da Venezuela para solicitar asilo em outro país”, declara.
Outros analistas acreditam que Trump pode aceitar concessões no setor de petróleo em troca de manter Maduro no cargo.
3. Esperar para ver
Nicolás Maduro discursa durante manifestação na Venezuela
Stringer/AFP
De Alba avalia que Maduro só consideraria deixar o poder se parte do próprio governo o reconhecer que não há outra alternativa. Ele diz que, em caso de negociação aberta, o líder venezuelano não colocará sua saída na mesa.
Segundo ele, a tendência seria discutir “uma transição interna no chavismo ou a possibilidade de um novo processo eleitoral”.
Enquanto isso, Maduro mantém exercícios militares e novos alistamentos com forte conteúdo ideológico.
Mesmo reconhecendo não ter capacidade militar para enfrentar os EUA, o presidente venezuelano pode apostar em esperar para ver.
“Ver até onde pode chegar a administração Trump, até onde se atreve”, diz um analista ouvido pela AFP sob condição de anonimato. “Se os bombardeios seriam contra instituições do Estado ou apenas contra uma pista clandestina.”
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