Ucrânia aceita negociar proposta americana de paz com a Rússia
A Ucrânia anunciou neste sábado (22) um período de consulta com aliados para pôr fim à guerra da Rússia contra o país, informou o gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
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O anúncio chega um dia depois de os Estados Unidos, que elaboraram um plano de paz para o conflito, pressionarem Zelensky a aceitar a proposta. O texto inclui, entre outros pontos, que Kiev ceda territórios à Rússia, encolha suas Forças Armadas e se comprometa a não ingressar na Otan (leia mais abaixo).
“A Ucrânia jamais será um obstáculo à paz, e os representantes do Estado ucraniano defenderão os legítimos interesses do povo ucraniano e os fundamentos da segurança europeia”, afirmou o governo ucraniano em comunicado.
O gabinete do presidente ucraniano informou ainda que ele autorizou uma delegação para discutir os parâmetros para encerrar o conflito, que já dura mais de três anos e meio. A delegação debaterá com seus principais aliados — os Estados Unidos e países europeus como Reino Unido, França e Alemanha — os pontos do acordo de paz.
Na sexta-feira (27), em pronunciamento à nação, Zelensky afirmou que a Ucrânia enfrentava “o momento mais difícil de sua história” e disse que encara um dilema entre perder a dignidade ou perder o apoio dos EUA. Ele falou por telefone com o vice dos EUA, JD Vance.
Também na sexta, Trump disse em entrevista à rádio Fox News esperar uma resposta da Ucrânia ao plano de paz até a próxima quinta-feira (27).
Plano de paz
O plano para a Ucrânia que vem sendo elaborado pelos governos dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, prevê que Kiev ceda as regiões de Donetsk e Luhansk, segundo um esboço do documento ao qual a agência de notícias AFP teve acesso.
Essas duas regiões, que ficam no leste da Ucrânia, seriam “reconhecidas de fato como russas, inclusive pelos Estados Unidos”, segundo a proposta, que ainda será apresentada ao governo ucraniano. A mesma categoria seria aplicada à Crimeia, a península ucraniana ilegalmente anexada pela Rússia em 2014.
Veja, abaixo, alguns dos 28 pontos da proposta, de acordo com a AFP:
Anexação das regiões de Donetsk e Luhansk pela Rússia — que correspondem a mais da metade do que é atualmente ocupado por tropas russas, cerca de 20% de todo o território ucraniano.
Outras duas regiões no sul da Ucrânia, as de Kherson e Zaporizhzhia, seriam divididas segundo o traçado da atual linha de frente de batalha.
A redução das Forças Armadas da Ucrânia a 600 mil efetivos — o atual é de quase 900 mil soldados, segundo o governo ucraniano.
A assinatura de um “acordo de não agressão” entre Rússia, Ucrânia e Europa;
Que Kiev inclua em sua Constituição que renuncia integrar a Otan, uma das maiores reivindicações da Rússia desde antes da guerra. Mas a Ucrânia seguiria elegível para a adesão à União Europeia;
Garantias de segurança à Ucrânia semelhantes às da Otan — ou seja, no caso de uma nova invasão, EUA e Europa enviariam tropas para defender o território ucraniano;
O compromisso da Otan em não posicionar tropas na Ucrânia e estacionar aviões na Polônia;
A reconstrução da Ucrânia financiadas com US$ 100 bilhões (cerca de R$ 533 bilhões) de ativos russos atualmente congelados por sanções;
Divisão da central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, entre Rússia e Ucrânia (leia mais abaixo).
As propostas são vistas pelos ucranianos e europeus como muito favoráveis à Rússia, e o diálogo que Trump e Putin vem travando abastecem rumores disso. Fontes das negociações disseram à agência de notícias Reuters nesta sexta-feira (21) que os EUA ameaçaram deixar de fornecer informações de inteligência e até de armas para a Ucrânia como forma de pressão.
👉 Oficialmente, Zelensky vem evitando criticar a proposta, para não criar novos atritos com Trump. Sem criticar o texto diretamente, ele exigiu (20) que se respeite “a soberania da Ucrânia”.
👉 Líderes europeus, em reunião na sexta, afirmaram que as forças ucranianas devem permanecer capazes de defender a soberania do país, em uma referência à exigência de redução das forças ucranianas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, fizeram uma ligação conjunta por telefone com Zelensky. Na chamada, disseram que assegurarão apoio da Europa à Ucrânia, mas também elogiaram “os esforços de Donald Trump” por buscar o fim da guerra.
👉 Também na sexta, o Kremlin pressionou o governo ucraniano e disse que Kiev tem pouca margem de negociação diante dos recentes avanços das tropas russas no front da guerra. O governo de Vladimir Putin ainda não se manifestou sobre o plano.
Avanço da Rússia
Ataque russo na capital da Ucrãnia deixa mortos
REUTERS/Valentyn Ogirenko
O plano foi apresentado no momento em que um Exército ucraniano menos numeroso e equipado luta para conter o avanço da Rússia no front — nas últimas semanas, as tropas de Moscou tem conquistado vitórias nas principais frentes de batalha abertas. E aumentado os ataques aéreos.
No terreno, a Rússia reivindicou a tomado de Kupyansk na frente oriental. O Exército de Kiev, por sua vez, negou ter perdido essa localidade-chave, que já tinha sido ocupada por Moscou em 2022, e que depois foi recuperada pelas tropas ucranianas.
O chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov, garantiu que sus tropas avançavam “praticamente em todas as frentes”.
“(O plano) está em processo de negociação e ainda está em revisão, mas o presidente [Trump] apoia este plano. É um bom plano tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia, e acreditamos que deveria ser aceitável para ambas as partes”, declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Leavitt garantiu que Washington “está dialogando tanto com uma parte quanto com a outra”, desconsiderando algumas preocupações em Kiev de que plano fosse muito próximo às exigências de Moscou.
Central nuclear
Rússia divulga vídeo de bombardeio a vilarejo na Ucrânia
O rascunho também indica que os esforços para a reconstrução empreendidos pelos Estados Unidos sejam financiados com os US$ 100 bilhões (cerca de R$ 533 bilhões) provenientes de ativos russos atualmente congelados.
A central nuclear de Zaporizhzhia seria reativada sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e sua produção de eletricidade se dividiria em 50% para a Ucrânia e 50% para a Rússia.
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A Ucrânia anunciou neste sábado (22) um período de consulta com aliados para pôr fim à guerra da Rússia contra o país, informou o gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
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O anúncio chega um dia depois de os Estados Unidos, que elaboraram um plano de paz para o conflito, pressionarem Zelensky a aceitar a proposta. O texto inclui, entre outros pontos, que Kiev ceda territórios à Rússia, encolha suas Forças Armadas e se comprometa a não ingressar na Otan (leia mais abaixo).
“A Ucrânia jamais será um obstáculo à paz, e os representantes do Estado ucraniano defenderão os legítimos interesses do povo ucraniano e os fundamentos da segurança europeia”, afirmou o governo ucraniano em comunicado.
O gabinete do presidente ucraniano informou ainda que ele autorizou uma delegação para discutir os parâmetros para encerrar o conflito, que já dura mais de três anos e meio. A delegação debaterá com seus principais aliados — os Estados Unidos e países europeus como Reino Unido, França e Alemanha — os pontos do acordo de paz.
Na sexta-feira (27), em pronunciamento à nação, Zelensky afirmou que a Ucrânia enfrentava “o momento mais difícil de sua história” e disse que encara um dilema entre perder a dignidade ou perder o apoio dos EUA. Ele falou por telefone com o vice dos EUA, JD Vance.
Também na sexta, Trump disse em entrevista à rádio Fox News esperar uma resposta da Ucrânia ao plano de paz até a próxima quinta-feira (27).
Plano de paz
O plano para a Ucrânia que vem sendo elaborado pelos governos dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, prevê que Kiev ceda as regiões de Donetsk e Luhansk, segundo um esboço do documento ao qual a agência de notícias AFP teve acesso.
Essas duas regiões, que ficam no leste da Ucrânia, seriam “reconhecidas de fato como russas, inclusive pelos Estados Unidos”, segundo a proposta, que ainda será apresentada ao governo ucraniano. A mesma categoria seria aplicada à Crimeia, a península ucraniana ilegalmente anexada pela Rússia em 2014.
Veja, abaixo, alguns dos 28 pontos da proposta, de acordo com a AFP:
Anexação das regiões de Donetsk e Luhansk pela Rússia — que correspondem a mais da metade do que é atualmente ocupado por tropas russas, cerca de 20% de todo o território ucraniano.
Outras duas regiões no sul da Ucrânia, as de Kherson e Zaporizhzhia, seriam divididas segundo o traçado da atual linha de frente de batalha.
A redução das Forças Armadas da Ucrânia a 600 mil efetivos — o atual é de quase 900 mil soldados, segundo o governo ucraniano.
A assinatura de um “acordo de não agressão” entre Rússia, Ucrânia e Europa;
Que Kiev inclua em sua Constituição que renuncia integrar a Otan, uma das maiores reivindicações da Rússia desde antes da guerra. Mas a Ucrânia seguiria elegível para a adesão à União Europeia;
Garantias de segurança à Ucrânia semelhantes às da Otan — ou seja, no caso de uma nova invasão, EUA e Europa enviariam tropas para defender o território ucraniano;
O compromisso da Otan em não posicionar tropas na Ucrânia e estacionar aviões na Polônia;
A reconstrução da Ucrânia financiadas com US$ 100 bilhões (cerca de R$ 533 bilhões) de ativos russos atualmente congelados por sanções;
Divisão da central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, entre Rússia e Ucrânia (leia mais abaixo).
As propostas são vistas pelos ucranianos e europeus como muito favoráveis à Rússia, e o diálogo que Trump e Putin vem travando abastecem rumores disso. Fontes das negociações disseram à agência de notícias Reuters nesta sexta-feira (21) que os EUA ameaçaram deixar de fornecer informações de inteligência e até de armas para a Ucrânia como forma de pressão.
👉 Oficialmente, Zelensky vem evitando criticar a proposta, para não criar novos atritos com Trump. Sem criticar o texto diretamente, ele exigiu (20) que se respeite “a soberania da Ucrânia”.
👉 Líderes europeus, em reunião na sexta, afirmaram que as forças ucranianas devem permanecer capazes de defender a soberania do país, em uma referência à exigência de redução das forças ucranianas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, fizeram uma ligação conjunta por telefone com Zelensky. Na chamada, disseram que assegurarão apoio da Europa à Ucrânia, mas também elogiaram “os esforços de Donald Trump” por buscar o fim da guerra.
👉 Também na sexta, o Kremlin pressionou o governo ucraniano e disse que Kiev tem pouca margem de negociação diante dos recentes avanços das tropas russas no front da guerra. O governo de Vladimir Putin ainda não se manifestou sobre o plano.
Avanço da Rússia
Ataque russo na capital da Ucrãnia deixa mortos
REUTERS/Valentyn Ogirenko
O plano foi apresentado no momento em que um Exército ucraniano menos numeroso e equipado luta para conter o avanço da Rússia no front — nas últimas semanas, as tropas de Moscou tem conquistado vitórias nas principais frentes de batalha abertas. E aumentado os ataques aéreos.
No terreno, a Rússia reivindicou a tomado de Kupyansk na frente oriental. O Exército de Kiev, por sua vez, negou ter perdido essa localidade-chave, que já tinha sido ocupada por Moscou em 2022, e que depois foi recuperada pelas tropas ucranianas.
O chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov, garantiu que sus tropas avançavam “praticamente em todas as frentes”.
“(O plano) está em processo de negociação e ainda está em revisão, mas o presidente [Trump] apoia este plano. É um bom plano tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia, e acreditamos que deveria ser aceitável para ambas as partes”, declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Leavitt garantiu que Washington “está dialogando tanto com uma parte quanto com a outra”, desconsiderando algumas preocupações em Kiev de que plano fosse muito próximo às exigências de Moscou.
Central nuclear
Rússia divulga vídeo de bombardeio a vilarejo na Ucrânia
O rascunho também indica que os esforços para a reconstrução empreendidos pelos Estados Unidos sejam financiados com os US$ 100 bilhões (cerca de R$ 533 bilhões) provenientes de ativos russos atualmente congelados.
A central nuclear de Zaporizhzhia seria reativada sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e sua produção de eletricidade se dividiria em 50% para a Ucrânia e 50% para a Rússia.
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