María Corina Machado deixa OsloMaría Corina Machado deixa Oslo
Já em Oslo, Maria Corina Machado confirma que saiu da Venezuela com ajuda americana
María Corina Machado, a principal opositora do regime Maduro, deixou Oslo, afirmou nesta quarta-feira (17) um integrante de seu entorno. Corina Machado recebeu o prêmio Nobel da Paz na semana passada na capital norueguesa. A equipe dela não confirmou qual seu novo destino.
“Ela já não está na cidade de Oslo”, afirmou Pedro Urruchurtu Noselli em sua conta no X, porém sem especificar também quando isso ocorreu.
“Ela está bem e, nestes dias, está cumprindo consultas médicas com um especialista, visando a sua pronta e total recuperação”, completou Noselli, em referência à vértebra que Machado fraturou em sua fuga da Venezuela.
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Contatada pelo g1, a equipe de María Corina Machado confirmou que a opositora deixou a capital norueguesa e que não fará mais comentários sobre o assunto.
Corina Machado afirmou na semana passada que retornará à Venezuela, porém não falou quando, e disse também que sente ser mais útil atualmente na luta contra o regime Maduro em Oslo. Ela recebeu diversos convites de líderes europeus nos últimos dias, porém não havia compartilhado planos para novos destinos.
Na semana passada, a líder da oposição desafiou novamente o regime Maduro ao escapar da Venezuela, onde vivia escondida desde meados de 2024, para ir a Oslo receber em mãos o Prêmio Nobel da Paz. Ela era proibida de deixar o país. Corina Machado foi laureada em outubro por sua luta contra pela democracia e pelos direitos humanos na Venezuela.
A fuga de Corina Machado da Venezuela foi perigosa, extremamente complexa e meticulosamente planejada por uma empresa privada dos EUA. A ação teve elementos cinematográficos, como um disfarce com peruca, passagens tensas por postos policiais, e trechos de barco e de avião. (Leia mais abaixo)
Corina Machado em Oslo: Nobel da Paz, entrevistas e consultas médicas
Na Noruega, María Corina Machado diz que pretende voltar à Venezuela
Reprodução/TV Globo
Após passar praticamente escondida na Venezuela durante mais de um ano, Corina Machado chegou à Noruega na última quinta-feira, horas depois da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz.
Sua filha, Ana Corina Sosa, recebeu o prêmio seu nome e leu um discurso preparado pela mãe.
Corina Machado contou com a ajuda de “alguns membros do regime do presidente Nicolás Maduro” para concluir a missão de viajar à Noruega, segundo agência americana “Bloomberg”. Uma fonte familiarizada com a empreitada afirmou à agência que tal movimento foi visto por membros do governo Trump como um sinal de disposição para cooperar caso Maduro deixe o poder.
Durante seu tempo em Oslo, Corina Machado deu entrevistas para diversos veículos mundiais e também deu uma coletiva de imprensa, em que afirmou que não vai parar de lutar até ver a Venezuela livre.
Fuga ‘cinematográfica’ da Venezuela
Foto de arquivo: Maria Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, discursa para apoiadores em protesto contra posse de Maduro para um terceiro mandato, em Caracas, em 9 de janeiro de 2025.
Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Foto de arquivo
María Corina Machado contou com ajuda de diversas pessoas e dos Estados Unidos e teve que passar por uma “assustadora” travessia marítima na calada da noite para conseguir fugir da Venezuela.
Detalhes da fuga da opositora de Nicolás Maduro para ir à Noruega receber o prêmio Nobel da Paz foram reveladas pelos jornais americanos “The Wall Street Journal” (WSJ) e “CBS News”, que entrevistaram pessoas com conhecimento na operação e até mesmo envolvidas na empreitada.
A fuga durou um total de 15 horas e foi extremamente perigosa e complexa, segundo Bryan Stern, veterano das Forças Especiais dos EUA e chefe de uma organização americana de resgate sem fins lucrativos, que executou a operação.
Como Corina Machado vivia escondida desde agosto de 2024 por desafiar Maduro nas eleições presidenciais, a fuga envolveu diversos elementos que parecem ter saído de um filme:
Ela usou um disfarce com peruca, boné e um casaco grande;
Passou por 10 postos militares do Exército chavista entre seu esconderijo e o porto de pescadores;
Viajou até Curaçao a bordo de um barco de pesca pequeno e antigo e em meio a grandes ondas no mar do Caribe;
Avisou ao Exército dos EUA que faria a viagem pelo mar para não ser bombardeada;
Exército americano ajudou equipe privada a localizar barco de Corina Machado após o GPS da embarcação da opositora cair na água.
“Em alguns momentos, senti que havia um risco real para a minha vida, mas também foi um momento muito espiritual porque, no fim, simplesmente senti que estava nas mãos de Deus”, disse Corina Machado em coletiva de imprensa em Oslo.
Segundo o “WSJ”, Corina Machado utilizou um disfarce com peruca, boné e um casaco grande para não ser detectada por agentes de Maduro nos 10 postos militares entre seu esconderijo e um pacato porto de pescadores na costa venezuelana, por onde faria a fuga marítima. Segundo a opositora, o regime venezuelano “faria todo o possível” para impedir sua viagem.
A viagem de Machado para Oslo teve componentes terrestre, marítimo e aéreo e durou quase três dias no total, segundo o “WSJ”: ela viajou por terra de um subúrbio de Caracas até uma vila de pescadores e, depois, de barco até Curaçao, uma ilha no Caribe a cerca de 80 km da costa venezuelana. Depois, ela embarcou em um jatinho vindo de Miami que a levou a Oslo, com uma parada no estado de Maine, nos EUA.
“Foi muito perigoso. Deu medo”, disse Stern à “CBS News”. O diretor da operação lembrou que foi necessário enfrentar a escuridão e do mar agitado para deixar o país. Stern disse ter se encontrado com Corina Machado no mar no escuro e encharcada.
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“As condições do mar eram ideais para nós”, porque as ondas altas interferem nos radares. “Mas, claro, não eram condições desejáveis para navegar”, explicou Stern. “Era noite fechada, havia pouca luz da Lua, alguma nebulosidade, pouca visibilidade, as lanchas não tinham luzes”, descreveu.
“Todos estávamos bem molhados. Meu time e eu estávamos encharcados até os ossos. Ela também, estava com frio e muito molhada. Teve uma viagem muito dura. Estava muito feliz. Estava muito emocionada. Estava muito cansada”, acrescentou o veterano.
Stern afirmou que cerca de 20 pessoas participaram da operação marítima e que o governo dos EUA não esteve envolvido no financiamento da empreitada, que veio de doadores privados. No entanto, autoridades americanas da Casa Branca até oficiais militares de alto escalão e diplomatas acompanharam a viagem em tempo real por meio de mensagens de WhatsApp, segundo o “WSJ”.
Corina Machado e Stern confirmaram que durante a fuga foi necessário coordenar com o Exército dos EUA para que seu barco não fosse bombardeado —como vem ocorrendo com embarcações que o governo Trump acusa transportar drogas. Inclusive, dois jatos F-18 dos EUA sobrevoaram o Golfo da Venezuela por volta do mesmo horário em que Corina Machado fazia a travessia.
A perigosa viagem, no entanto, teve problemas. Nas últimas três horas de viagem marítima, Machado e sua pequena tripulação flutuaram à deriva no mar após seu GPS caiu no mar e um equipamento reserva falhou. Ela não encontrou a equipe de extração no ponto de encontro designado, desencadeando uma corrida para localizá-la nas águas perigosas.
Nesse momento, Stern pediu ajuda para o Exército americano para localizar Corina Machado. Quando a encontrou, o chefe da operação a colocou a bordo de um barco maior e lhe deu lanches, bebida isotônica e um casaco seco.
A opositora afirmou que pretende voltar à Venezuela, sem esclarecer como ou quando. Stern disse que seu grupo não participará desse retorno, pois realiza apenas operações para extrair pessoas de países, não para levá-las de volta.

By Marsescritor

MARSESCRITOR tem formação em Letras, é também escritor com 10 livros publicados.