Premiê israelense indicou presidente americano para o prêmio — uma ambição de longa data de Trump. Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (à esquerda), entrega carta a presidente dos EUA, Donald Trump, com indicação para Trump receber Nobel da Paz, durante jantar na Casa Branca, em 7 de julho de 2025.
Kevin Lamarque/ Reuters
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na segunda-feira (07/07), em visita a Washington, que vai indicar Donald Trump para o Prêmio Nobel da Paz no primeiro encontro de ambos desde que os Estados Unidos e Israel lançaram ataques contra o Irã.
Trump está pressionando Netanyahu para que Israel aceite um cessar-fogo em sua guerra contra o Hamas em Gaza.
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Netanyahu — que é alvo de um mandato de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante a guerra entre Israel e o Hamas — entregou a Trump uma carta que, segundo ele, será enviada ao comitê do Nobel da Paz na qual recomenda que o presidente americano seja indicado ao prêmio.
“Ele está forjando a paz enquanto falamos, em um país, em uma região após a outra”, disse Netanyahu ao entregar a Trump a carta no começo do encontro entre ambos.
Na semana passada, Trump recebeu líderes da República Democrática do Congo e de Ruanda na Casa Branca. Os dois países estavam em conflito desde 1994, mas assinaram um acordo de paz diante de Trump.
Na ocasião, o presidente americano voltou a falar sobre o prêmio Nobel da Paz em postagens na internet.
“Este é um Grande Dia para a África e, francamente, um Grande Dia para o Mundo! Não vou ganhar um Prêmio Nobel da Paz por isso”, escreveu Trump.
De acordo com o Instituto de Pesquisa de Política Externa, a violência na região causou mais de 6 milhões de mortes desde 1996.
“Não, não vou ganhar um Prêmio Nobel da Paz, não importa o que eu faça, incluindo Rússia/Ucrânia e Israel/Irã, quaisquer que sejam esses resultados, mas o povo sabe, e isso é só o que importa para mim!”
Desde seu primeiro mandato (2017-2021), o presidente americano, Donald Trump, sempre deixou claro o desejo de receber o Prêmio Nobel da Paz.
Apesar de ter sido nomeado mais de uma vez, o republicano nunca conseguiu igualar o feito de seu antecessor, Barack Obama (2009-2017), que foi agraciado com a distinção em 2009.
“Eles nunca me darão um Prêmio Nobel da Paz”, reclamou Trump em fevereiro a jornalistas. “Eu mereço, mas eles nunca me darão.”
Trump já manifestou diversas vezes sua frustração por nunca ter recebido o Nobel da Paz, tanto em declarações públicas quanto em encontros privados com autoridades. Segundo descrições da imprensa americana, o Nobel é uma “fixação” e uma “obsessão” para o presidente.
“Eles deram o Prêmio Nobel para Obama”, reclamou Trump em um comício em Las Vegas durante a reta final da campanha.
“Ele foi eleito e anunciaram que ganharia o Prêmio Nobel. Eu fui eleito em uma eleição muito maior, melhor e mais louca, mas deram a ele o Nobel”, disse o republicano, diante da multidão.
Em seu discurso de posse, ele disse que seu “legado de maior orgulho será o de um pacificador e unificador” e afirmou que o sucesso será medido “não apenas pelas batalhas que vencermos, mas também pelas guerras que terminarmos”.
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Político polêmico
Trump é considerado por muitos um político polêmico, que explora divisões e tem uma retórica muitas vezes agressiva. Essas características fariam dele um candidato inusitado para um prêmio já concedido a nomes como Martin Luther King Jr. (em 1964), Madre Teresa (em 1979) e Nelson Mandela (em 1993).
“Se Trump ganhasse (o Nobel da Paz), sem dúvida estaria entre os vencedores mais controversos”, disse à BBC News Brasil o diretor do Peace Research Institute Oslo (Instituto de Pesquisas sobre a Paz de Oslo, ou Prio, na sigla em inglês), Henrik Urdal, em entrevista em fevereiro.
Mas mesmo alguns de seus críticos admitem que ele poderia usar a vontade de ganhar o prêmio para realmente alcançar a paz em diferentes conflitos.
“Embora seja fácil zombar com superioridade moral da obsessão de Trump com o Nobel, sua vaidade oferece uma oportunidade de acabar com hostilidades em vários pontos críticos do mundo”, escreveu em artigo de opinião publicado em janeiro no jornal The Washington Post o democrata Rahm Emanuel, que foi chefe de gabinete no governo de Obama.
“Independentemente do que se possa pensar sobre os motivos de Trump para buscar o prêmio, deveríamos desejar seu sucesso tanto quanto ele deseja validação”, disse Emanuel, ao listar vários conflitos para os quais Trump poderia buscar uma resolução.
Em postagem contendo várias afirmações falsas, Trump defende que ex-presidente é alvo de “caça às bruxas”
Segundo Evelyn Farkas, diretora executiva do Instituto McCain, organização sem fins lucrativos e apartidária focada em democracia e direitos humanos, “por mais extraordinárias que possam parecer” as declarações de Trump de que ele deveria receber o Nobel, ele realmente poderia ganhar o prêmio.
Em entrevista antes dos contatos mais recentes entre Trump e Putin, Farkas, que foi subsecretária assistente de Defesa durante o governo Obama, disse que se Trump conseguisse alcançar “uma paz justa e duradoura, com uma garantia de segurança para a Ucrânia”, isso seria de fato digno de um Nobel.
“Trump pode ganhar um Nobel se pressionar Putin (com garantias de segurança e soberania para a Ucrânia)”, disse Farkas à BBC News Brasil.
O Nobel da Paz foi estabelecido há mais de cem anos como reconhecimento àqueles “que mais fizeram pela fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes e a realização e promoção de congressos de paz”.
Diversos presidentes americanos já foram indicados ao Nobel da Paz e, antes de Obama, três outros receberam a honraria: Theodore Roosevelt (em 1906), Woodrow Wilson (em 1920) e Jimmy Carter (em 2002, após ter deixado o governo).
As indicações ao Nobel da Paz podem ser enviadas por ganhadores do prêmio em anos anteriores, chefes de Estado, políticos, professores universitários e membros do Comitê Norueguês do Nobel, entre outros.
Os vencedores são escolhidos por esse comitê, cujos cinco membros são selecionados pelo Parlamento da Noruega.
Trump recebeu diferentes indicações no passado por seus esforços na mediação dos chamados Acordos de Abraão, tratados de normalização de relações entre Israel e Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos.
Muitos analistas consideram esses acordos, assinados em 2020, o principal legado de política externa de seu primeiro mandato.
O republicano também recebeu outras nomeações por suas tentativas de negociação com a Coreia do Norte e sua mediação para promover a normalização de laços econômicos entre Kosovo e Sérvia.
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Kevin Lamarque/ Reuters
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Trump está pressionando Netanyahu para que Israel aceite um cessar-fogo em sua guerra contra o Hamas em Gaza.
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Netanyahu — que é alvo de um mandato de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante a guerra entre Israel e o Hamas — entregou a Trump uma carta que, segundo ele, será enviada ao comitê do Nobel da Paz na qual recomenda que o presidente americano seja indicado ao prêmio.
“Ele está forjando a paz enquanto falamos, em um país, em uma região após a outra”, disse Netanyahu ao entregar a Trump a carta no começo do encontro entre ambos.
Na semana passada, Trump recebeu líderes da República Democrática do Congo e de Ruanda na Casa Branca. Os dois países estavam em conflito desde 1994, mas assinaram um acordo de paz diante de Trump.
Na ocasião, o presidente americano voltou a falar sobre o prêmio Nobel da Paz em postagens na internet.
“Este é um Grande Dia para a África e, francamente, um Grande Dia para o Mundo! Não vou ganhar um Prêmio Nobel da Paz por isso”, escreveu Trump.
De acordo com o Instituto de Pesquisa de Política Externa, a violência na região causou mais de 6 milhões de mortes desde 1996.
“Não, não vou ganhar um Prêmio Nobel da Paz, não importa o que eu faça, incluindo Rússia/Ucrânia e Israel/Irã, quaisquer que sejam esses resultados, mas o povo sabe, e isso é só o que importa para mim!”
Desde seu primeiro mandato (2017-2021), o presidente americano, Donald Trump, sempre deixou claro o desejo de receber o Prêmio Nobel da Paz.
Apesar de ter sido nomeado mais de uma vez, o republicano nunca conseguiu igualar o feito de seu antecessor, Barack Obama (2009-2017), que foi agraciado com a distinção em 2009.
“Eles nunca me darão um Prêmio Nobel da Paz”, reclamou Trump em fevereiro a jornalistas. “Eu mereço, mas eles nunca me darão.”
Trump já manifestou diversas vezes sua frustração por nunca ter recebido o Nobel da Paz, tanto em declarações públicas quanto em encontros privados com autoridades. Segundo descrições da imprensa americana, o Nobel é uma “fixação” e uma “obsessão” para o presidente.
“Eles deram o Prêmio Nobel para Obama”, reclamou Trump em um comício em Las Vegas durante a reta final da campanha.
“Ele foi eleito e anunciaram que ganharia o Prêmio Nobel. Eu fui eleito em uma eleição muito maior, melhor e mais louca, mas deram a ele o Nobel”, disse o republicano, diante da multidão.
Em seu discurso de posse, ele disse que seu “legado de maior orgulho será o de um pacificador e unificador” e afirmou que o sucesso será medido “não apenas pelas batalhas que vencermos, mas também pelas guerras que terminarmos”.
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Político polêmico
Trump é considerado por muitos um político polêmico, que explora divisões e tem uma retórica muitas vezes agressiva. Essas características fariam dele um candidato inusitado para um prêmio já concedido a nomes como Martin Luther King Jr. (em 1964), Madre Teresa (em 1979) e Nelson Mandela (em 1993).
“Se Trump ganhasse (o Nobel da Paz), sem dúvida estaria entre os vencedores mais controversos”, disse à BBC News Brasil o diretor do Peace Research Institute Oslo (Instituto de Pesquisas sobre a Paz de Oslo, ou Prio, na sigla em inglês), Henrik Urdal, em entrevista em fevereiro.
Mas mesmo alguns de seus críticos admitem que ele poderia usar a vontade de ganhar o prêmio para realmente alcançar a paz em diferentes conflitos.
“Embora seja fácil zombar com superioridade moral da obsessão de Trump com o Nobel, sua vaidade oferece uma oportunidade de acabar com hostilidades em vários pontos críticos do mundo”, escreveu em artigo de opinião publicado em janeiro no jornal The Washington Post o democrata Rahm Emanuel, que foi chefe de gabinete no governo de Obama.
“Independentemente do que se possa pensar sobre os motivos de Trump para buscar o prêmio, deveríamos desejar seu sucesso tanto quanto ele deseja validação”, disse Emanuel, ao listar vários conflitos para os quais Trump poderia buscar uma resolução.
Em postagem contendo várias afirmações falsas, Trump defende que ex-presidente é alvo de “caça às bruxas”
Segundo Evelyn Farkas, diretora executiva do Instituto McCain, organização sem fins lucrativos e apartidária focada em democracia e direitos humanos, “por mais extraordinárias que possam parecer” as declarações de Trump de que ele deveria receber o Nobel, ele realmente poderia ganhar o prêmio.
Em entrevista antes dos contatos mais recentes entre Trump e Putin, Farkas, que foi subsecretária assistente de Defesa durante o governo Obama, disse que se Trump conseguisse alcançar “uma paz justa e duradoura, com uma garantia de segurança para a Ucrânia”, isso seria de fato digno de um Nobel.
“Trump pode ganhar um Nobel se pressionar Putin (com garantias de segurança e soberania para a Ucrânia)”, disse Farkas à BBC News Brasil.
O Nobel da Paz foi estabelecido há mais de cem anos como reconhecimento àqueles “que mais fizeram pela fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes e a realização e promoção de congressos de paz”.
Diversos presidentes americanos já foram indicados ao Nobel da Paz e, antes de Obama, três outros receberam a honraria: Theodore Roosevelt (em 1906), Woodrow Wilson (em 1920) e Jimmy Carter (em 2002, após ter deixado o governo).
As indicações ao Nobel da Paz podem ser enviadas por ganhadores do prêmio em anos anteriores, chefes de Estado, políticos, professores universitários e membros do Comitê Norueguês do Nobel, entre outros.
Os vencedores são escolhidos por esse comitê, cujos cinco membros são selecionados pelo Parlamento da Noruega.
Trump recebeu diferentes indicações no passado por seus esforços na mediação dos chamados Acordos de Abraão, tratados de normalização de relações entre Israel e Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos.
Muitos analistas consideram esses acordos, assinados em 2020, o principal legado de política externa de seu primeiro mandato.
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