Netanyahu se dirige a reféns por alto-falantes em Gaza
Diante de uma pequena audiência, após a debandada ostensiva de delegações do plenário, Benjamin Netanyahu encarou o mais difícil de seus 14 discursos já proferidos na ONU como premiê israelense. O ambiente de hostilidade e profundo isolamento mundial às ações de seu governo em Gaza não pareceu intimidá-lo.
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Ao contrário, o primeiro-ministro traçou uma linha desafiadora aos aliados tradicionais que lhe deram as costas, ao reconhecerem em conjunto a Palestina como Estado, durante esta 80ª Assembleia-Geral da ONU, descartando com veemência esta solução.
“Os israelenses não cometerão suicídio nacional ao criar um Estado palestino. Não permitiremos que nos enfiem um Estado terrorista goela abaixo. É pura loucura, é insano e não faremos isso”, vaticinou.
Exímio orador em inglês fluente, Netanyahu incrementou o tom dramático e apocalíptico de discursos anteriores à ONU e lançou mão dos corriqueiros recursos visuais, como gráficos e até um teste de múltipla escolha à audiência. Ostentou um vistoso broche na lapela com um QR Code que permitiria aos ouvintes obterem mais informações sobre o massacre do 7 de Outubro.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em 26 de setembro de 2025.
Jeenah Moon/Reuters
Apesar da resistência do Exército israelense, desta vez o premiê ordenou que sua mensagem à ONU fosse transmitida por alto-falantes em toda a Faixa de Gaza, para alcançar os 28 reféns que ainda estão vivos e também os combatentes do Hamas. A eles, vislumbrou a sua hipotética solução para o fim da guerra, somente após a devolução de todos os reféns.
“Se o Hamas concordar com nossas exigências, a guerra pode acabar agora mesmo. Gaza seria desmilitarizada. Israel manteria o controle de segurança. E uma autoridade civil pacífica seria estabelecida por moradores de Gaza e outros comprometidos com a paz com Israel.”
O discurso de Netanyahu tinha um viés eleitoral destinado ao seu público interno, ressaltando as ações de seu governo para erradicar grupos terroristas e minar a ação do Irã durante o último ano. Mas ele dedicou também boa parte do tempo para mandar repetidas mensagens aos aliados ocidentais — líderes que, nas suas palavras, são fracos por cederem às pressões de “uma mídia tendenciosa, de grupos islâmicos radicais e de multidões antissemitas.”
“Dar um Estado palestino a uma milha de Israel é como dar um Estado à al-Qaeda ao lado de Nova York”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mostra um cartaz durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em 26 de setembro de 2025.
Jeenah Moon/ Reuters
No cenário externo, Netanyahu parece estar pendurado apenas em Donald Trump, que elogiou por diversas vezes durante os 47 minutos em que esteve no pódio da ONU. Nesta segunda-feira, o premiê se encontrará pela quarta vez com o presidente americano desde o seu retorno à Casa Branca.
Trump, contudo, demonstra impaciência com o premiê e já fez saber que não permitirá a anexação de partes da Cisjordânia por parte de Israel, conforme os radicais da base de Netanyahu andam alardeando. Pela primeira vez, um presidente americano parecia dar uma ordem clara ao premiê israelense. “Isso não acontecerá! Já chega”, afirmou o presidente americano na véspera do discurso de Netanyahu.
Há motivos para os claros sinais de irritação com Netanyahu: a anexação da Cisjordânia minaria os Acordos de Abraão, patrocinados pelo governo americano, e cruzaria a linha vermelha delineada por líderes árabes, com quem o presidente americano se comprometeu durante uma reunião multilateral às margens da Assembleia-Geral.
Trump tem pressa para pôr em prática um plano de paz de 21 pontos para o pós-guerra no enclave palestino. Mas falta dobrar Netanyahu.
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Veja abaixo a íntegra do discurso de Netanyahu na ONU:
Benjamin Netanyahu discursa na Assembleia Geral da ONU
Diante de uma pequena audiência, após a debandada ostensiva de delegações do plenário, Benjamin Netanyahu encarou o mais difícil de seus 14 discursos já proferidos na ONU como premiê israelense. O ambiente de hostilidade e profundo isolamento mundial às ações de seu governo em Gaza não pareceu intimidá-lo.
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Ao contrário, o primeiro-ministro traçou uma linha desafiadora aos aliados tradicionais que lhe deram as costas, ao reconhecerem em conjunto a Palestina como Estado, durante esta 80ª Assembleia-Geral da ONU, descartando com veemência esta solução.
“Os israelenses não cometerão suicídio nacional ao criar um Estado palestino. Não permitiremos que nos enfiem um Estado terrorista goela abaixo. É pura loucura, é insano e não faremos isso”, vaticinou.
Exímio orador em inglês fluente, Netanyahu incrementou o tom dramático e apocalíptico de discursos anteriores à ONU e lançou mão dos corriqueiros recursos visuais, como gráficos e até um teste de múltipla escolha à audiência. Ostentou um vistoso broche na lapela com um QR Code que permitiria aos ouvintes obterem mais informações sobre o massacre do 7 de Outubro.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em 26 de setembro de 2025.
Jeenah Moon/Reuters
Apesar da resistência do Exército israelense, desta vez o premiê ordenou que sua mensagem à ONU fosse transmitida por alto-falantes em toda a Faixa de Gaza, para alcançar os 28 reféns que ainda estão vivos e também os combatentes do Hamas. A eles, vislumbrou a sua hipotética solução para o fim da guerra, somente após a devolução de todos os reféns.
“Se o Hamas concordar com nossas exigências, a guerra pode acabar agora mesmo. Gaza seria desmilitarizada. Israel manteria o controle de segurança. E uma autoridade civil pacífica seria estabelecida por moradores de Gaza e outros comprometidos com a paz com Israel.”
O discurso de Netanyahu tinha um viés eleitoral destinado ao seu público interno, ressaltando as ações de seu governo para erradicar grupos terroristas e minar a ação do Irã durante o último ano. Mas ele dedicou também boa parte do tempo para mandar repetidas mensagens aos aliados ocidentais — líderes que, nas suas palavras, são fracos por cederem às pressões de “uma mídia tendenciosa, de grupos islâmicos radicais e de multidões antissemitas.”
“Dar um Estado palestino a uma milha de Israel é como dar um Estado à al-Qaeda ao lado de Nova York”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mostra um cartaz durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em 26 de setembro de 2025.
Jeenah Moon/ Reuters
No cenário externo, Netanyahu parece estar pendurado apenas em Donald Trump, que elogiou por diversas vezes durante os 47 minutos em que esteve no pódio da ONU. Nesta segunda-feira, o premiê se encontrará pela quarta vez com o presidente americano desde o seu retorno à Casa Branca.
Trump, contudo, demonstra impaciência com o premiê e já fez saber que não permitirá a anexação de partes da Cisjordânia por parte de Israel, conforme os radicais da base de Netanyahu andam alardeando. Pela primeira vez, um presidente americano parecia dar uma ordem clara ao premiê israelense. “Isso não acontecerá! Já chega”, afirmou o presidente americano na véspera do discurso de Netanyahu.
Há motivos para os claros sinais de irritação com Netanyahu: a anexação da Cisjordânia minaria os Acordos de Abraão, patrocinados pelo governo americano, e cruzaria a linha vermelha delineada por líderes árabes, com quem o presidente americano se comprometeu durante uma reunião multilateral às margens da Assembleia-Geral.
Trump tem pressa para pôr em prática um plano de paz de 21 pontos para o pós-guerra no enclave palestino. Mas falta dobrar Netanyahu.
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Veja abaixo a íntegra do discurso de Netanyahu na ONU:
Benjamin Netanyahu discursa na Assembleia Geral da ONU