Marco Rubio: quem é o secretário de Trump que negociará tarifaço com o BrasilMarco Rubio: quem é o secretário de Trump que negociará tarifaço com o Brasil
Marco Rubio: quem é o secretário de Trump que negociará tarifaço com o Brasil
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, foi escolhido pelo presidente Donald Trump para comandar as negociações sobre o tarifaço contra o Brasil. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (6). Caberá a Rubio coordenar as conversas com a equipe do governo brasileiro nas próximas semanas.
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Trump e Lula (PT) conversaram por telefone na manhã desta segunda-feira. O diálogo, que durou cerca de 30 minutos, teve foco em questões econômicas — especialmente nas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA.
Segundo o Itamaraty, Lula pediu que Trump revogasse a sobretaxa de 40% imposta aos produtos brasileiros, além de outras medidas restritivas aplicadas contra membros do governo.
Na prática, se o pedido for aceito, os produtos brasileiros continuariam sendo taxados em 10%, percentual compatível com tarifas aplicadas pelos EUA a outros países.
O vice-presidente Geraldo Alckmin irá coordenar os trabalhos por parte do governo brasileiro, ao lado do chanceler Mauro Vieira e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O governo brasileiro informou ainda que Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações sobre o tarifaço. Rubio é o responsável por chefiar a diplomacia dos EUA, em cargo equivalente ao de ministro das Relações Exteriores no Brasil.
Trump telefona para Lula e líderes discutem tarifas
De origem cubana, Rubio tem histórico de forte interesse pela política da América Latina, com posições alinhadas a grupos conservadores. Em 2015 e 2016, quando foi um dos rivais derrotados por Trump nas primárias republicanas, ele recebeu do então candidato o apelido jocoso de Little Marco (“Marquinhos”) e era alvo de piadas por sua aparência.
Anos depois, Rubio se aliou a Trump e, hoje, ocupa um dos cargos mais poderosos do governo americano.
O atual secretário de Estado também mantém relações com a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A aproximação começou em 2018 e, recentemente, Rubio usou as redes sociais para criticar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O deputado federal Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, disse ao blog da Andreia Sadi que a escolha de Rubio para negociar o tarifaço foi uma jogada de “craque” de Trump, já que o secretário de Estado é “mais ideológico” do que o próprio presidente americano.
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Quem é Marco Rubio?
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio
REUTERS/Nathan Howard/Pool
Marco Rubio nasceu em Miami, em 1971, e é filho de imigrantes cubanos. O pai dele trabalhava como barman, e a mãe dividia o tempo entre o trabalho de camareira de hotel e as tarefas de casa.
Segundo o Departamento de Estado dos EUA, “Rubio se interessou pelo serviço público em grande parte por conversas com seu avô, que testemunhou como o comunismo destruiu sua terra natal”.
Formou-se em Ciências Políticas pela Universidade da Flórida, em 1993. Na carreira pública, atuou como presidente da Câmara dos Representantes do mesmo estado. Em 2010, conquistou uma cadeira no Senado dos EUA, onde permaneceu até 2025.
Sua candidatura ao Senado foi impulsionada pelo Tea Party, ala de extrema direita do Partido Republicano que ganhou força após a eleição de Barack Obama à presidência.
Rubio integrou frentes importantes do Senado, como o Comitê de Relações Exteriores, o Comitê de Inteligência e o Comitê de Pequenas Empresas e Empreendedorismo.
Rubio já foi rival humilhado por Trump
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o senador pela Flórida Marco Rubio
Jonathan Drake/Reuters
Em novembro de 2024, o presidente dos EUA anunciou que tinha escolhido Marco Rubio para o cargo de secretário de Estado. Ele tomou posse em 21 de janeiro de 2025.
A decisão foi vista como uma reviravolta, já que, em 2016, os dois trocaram provocações durante as primárias republicanas. Na época, Trump apelidou Rubio de “Little Marco”.
O apelido fazia referência à altura de Rubio, que, segundo o The Washington Post, varia entre 1,73 m e 1,78 m — enquanto Trump tem cerca de 1,90 m. Com o diminutivo, o atual presidente buscava associar o rival à imagem de jovem e inexperiente, dizendo que ele parecia “um menininho no palco”.
Trump também costumava fazer piadas com o suor de Rubio nos debates — “Eu nunca vi um cara suar assim na vida, tragam um balde para o suor dele”, disse em 2016 — e o chamava de “peso-leve” e “ambicioso demais”.
No início das primárias, Rubio era considerado um dos candidatos mais promissores, mas acabou atropelado por Trump, assim como outros republicanos que perderam espaço desde então.
Oito anos depois, ao anunciá-lo no governo, Trump elogiou o ex-rival.
“Ele será um forte defensor da nossa nação, um verdadeiro amigo dos nossos aliados e um guerreiro destemido que nunca recuará diante dos nossos adversários. Estou ansioso para trabalhar com Marco para tornar a América e o mundo seguros e grandes novamente”, disse em novembro de 2024.
‘Influência’ de bolsonaristas?
Eduardo Bolsonaro com Marco Rubio, Felipe Martins e Márcio Coimbra, em 2018
Reprodução/X
Marco Rubio começou a se aproximar da família Bolsonaro em 2018, por intermédio do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Nos anos seguintes, após Jair Bolsonaro chegar ao Planalto, Rubio passou a receber o filho do então presidente e outros aliados em viagens aos Estados Unidos.
O contato entre Rubio e a família Bolsonaro continuou. Em julho deste ano, já como secretário de Estado, Rubio anunciou a revogação dos vistos de diversas autoridades brasileiras, em discurso alinhado ao de Eduardo Bolsonaro, que vive atualmente nos EUA.
“A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, escreveu.
“Portanto, ordenei a revogação dos vistos de Moraes e de seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato.”
Dias depois, Moraes foi incluído na Lei Magnitsky, usada pelos EUA para impor sanções econômicas contra estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos.
Em setembro, Rubio voltou a usar as redes sociais para comentar a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Ele reiterou críticas a Moraes e prometeu uma resposta de Washington.
“As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros membros da Suprema Corte do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas”, publicou.
Infográfico – A química entre Lula e Trump.
Arte/g1
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By Marsescritor

MARSESCRITOR tem formação em Letras, é também escritor com 10 livros publicados.