EUA prendem suspeito de iniciar incêndio histórico de Los Angeles; homem usou ChatGPT antes do crime e observou bombeirosEUA prendem suspeito de iniciar incêndio histórico de Los Angeles; homem usou ChatGPT antes do crime e observou bombeiros
Vídeos mostram destruição de incêndio florestal em Los Angeles
A polícia dos Estados Unidos prendeu na terça-feira (8) o suspeito de ter iniciado o incêndio de Los Angeles ocorrido em janeiro, o pior da história da cidade, anunciou o Departamento de Justiça americano nesta quarta-feira.
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O Departamento de Justiça acusou Jonathan Rinderknecht, de 29 anos, de ter iniciado intencionalmente o incêndio de Pacific Palisades, o maior dos múltiplos focos do incêndio que engoliu a cidade durante quase todo o mês de janeiro deste ano.
O incêndio começou em 7 de janeiro em Palisades e foi se espalhando ao longo dos dias por diversos pontos da cidade e regiões até 80 km de Los Angeles. A área queimada total foi superior 9,3 mil hectares.
O incêndio em Los Angeles, em seus múltiplos focos, matou ao menos 28 pessoas e destruiu mais de 6 mil casas e estruturas comerciais e forçou a evacuação de mais de 110 mil pessoas. O prejuízo foi estimado em US$ 150 bilhões. Doze dessas mortes ocorreram no incêndio de Palisades, segundo autoridades locais.
Jonathan Rinderknecht, de 29 anos, foi preso pelas autoridades dos Estados Unidos em 7 de outubro de 2025 acusado de iniciar incêndio histórico de Los Angeles, ocorrido em janeiro.
Departamento de Justiça dos EUA via Reuters
O homem enfrenta três acusações criminais federais relacionadas ao incêndio, após uma extensa investigação conjunta conduzida pelo escritório de Los Angeles do Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF, na sigla em inglês), pelo Departamento de Bombeiros de Los Angeles e pelo Departamento de Polícia de Los Angeles.
“A imprudência de uma única pessoa causou um dos piores incêndios que Los Angeles já viu, resultando em mortes e destruição generalizada em Pacific Palisades. Embora não possamos recuperar o que as vítimas perderam, esperamos que este processo criminal traga algum senso de justiça às pessoas afetadas por essa tragédia horrível”, disse Bill Essayli, procurador interino do Departamento de Justiça do distrito da Califórnia.
Segundo os investigadores, Rinderknecht iniciou um incêndio conhecido como Lanchman na madrugada de 1º de janeiro de 2025. Esse incêndio foi apagado pelos bombeiros poucas horas depois, porém chamas subterrâneas ainda permaneceram e, dias depois, em 7 de janeiro, deram origem ao foco de Palisades.
A denúncia foi feita com base em múltiplas provas, incluindo depoimentos, vídeos, dados de celular e análise de padrões de fogo em investigação conduzida durante oito meses. “Não fizemos uma prisão com base em causa provável, acreditamos que chegamos a um ponto de provas irrefutáveis e vamos provar isso no tribunal”, afirmou o agente especial da ATF de Los Angeles, Kenny Cooper.
De acordo com a denúncia, antes de iniciar o incêndio, o homem pediu ao ChatGPT que gerasse imagens de uma cidade pegando fogo. (Veja abaixo)
Após iniciar o incêndio, o suspeito chamou a polícia, reportou o fogo e depois fugiu do local. Quando estava na rodovia, ele viu caminhões de bombeiros na direção oposta. Então, ele deu meia volta, seguiu-os e assistiu aos bombeiros apagarem o incêndio enquanto tirava fotos e gravava vídeos.
Imagens de inteligência artificial de cidade queimando geradas pelo ChatGPT por Jonathan Rinderknecht antes de iniciar o pior incêndio da história de Los Angeles, em janeiro deste ano.
REUTERS/Daniel Cole
Segundo a investigação, Rinderknecht morava em Palisades e estava familiarizado com a vizinhança. Em 24 de janeiro, ele deu falso testemunho à polícia dizendo que não estava no local no início do incêndio —no entanto, imagens de câmeras de segurança e outras evidências como a geolocalização de seu celular o desmentiram. O homem também estaria ouvindo um rap francês que menciona incêndio no momento do crime.
Algum tempo após o incêndio, o suspeito se mudou para a Flórida, onde foi preso na terça. Ele será transferido para o Distrito Central da Califórnia, onde enfrentará julgamento.
Os investigadores afirmaram diversas vezes em coletiva de imprensa nesta quarta que o incêndio foi provocado intencionalmente. Essa constatação pode permitir que o governo federal busque a pena de morte para o suspeito. Um comunicado oficial do Departamento de Justiça menciona apenas que ele pode pegar de cinco a 20 anos de prisão caso seja condenado.
Rajadas de vento espalham chamas de incêndio florestal em Pacific Palisades, no oeste em Los Angeles, nos EUA, em 7 de janeiro de 2025.
REUTERS/Ringo Chiu
Investigadores de incêndio determinaram que o fogo começou perto de uma trilha popular nas colinas de um parque estadual com vista para Pacific Palisades, durante a madrugada de janeiro. O incêndio devastou grandes áreas de Pacific Palisades, Topanga e Malibu, antes de os bombeiros conseguirem contê-lo cerca de 24 dias depois.
As acusações federais de incêndio criminoso têm penas mínimas obrigatórias severas, que variam de cinco a vinte anos de prisão.
As penas são ainda mais duras se o incêndio resultar em ferimentos ou mortes, caso em que o governo pode pedir prisão perpétua ou pena de morte federal.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu uma ordem executiva em seu primeiro dia de mandato, em janeiro, determinando que o procurador-geral “busque a pena de morte para todos os crimes cuja gravidade exija sua aplicação.”
A ATF é a principal agência federal de aplicação da lei responsável por investigar as causas de incêndios.
Desde o final da década de 1970, sua Equipe Nacional de Resposta já investigou 927 incidentes, incluindo o incêndio mortal de agosto de 2023 em Lahaina, na ilha de Maui (Havaí), que matou mais de 100 pessoas.
Naquele caso, a ATF determinou que o fogo começou após linhas de energia rompidas se reenergizarem, lançando faíscas que incendiaram a vegetação crescida próxima a um poste de energia.
Helicóptero joga água sob as chamas do incêndio Kenneth, em Los Angeles
Ethan Swope/AP Photo

By Marsescritor

MARSESCRITOR tem formação em Letras, é também escritor com 10 livros publicados.