Fumaça é vista em Doha, no Catar, após ataques de Israel contra lideranças do Hamas
Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
Com o ataque a líderes do Hamas no Catar, que mediava o acordo para pôr fim à guerra em Gaza, Israel cruzou uma barreira considerada, há muito tempo, intransponível.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, optou por destruir o único canal diplomático para interromper o conflito que lançou o país no lugar de pária internacional e devolver cerca de 50 reféns que estão em poder do grupo terrorista há quase dois anos.
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Ainda não está claro se os comandantes do Hamas visados pela Operação Cúpula de Fogo em solo catariano estão entre os cinco mortos. Mas o bombardeio inédito e surpreendente de um prédio no centro de Doha, onde se acredita que eles estavam reunidos, terá graves consequências.
Um dos alvos era o negociador-chefe do grupo, Khalil al-Hayya, que o Hamas diz ter sobrevivido.
De imediato, o ataque interrompeu as negociações para um cessar-fogo no enclave palestino assolado por fome e destruição. E pôs novamente em xeque as intenções de Netanyahu sobre o destino dos reféns.
Em Israel, enquanto a base radical do premiê elogiava a operação, o ceticismo predominava, e as famílias dos sequestrados reagiam fortemente ao ataque, expressando raiva e desespero sobre o futuro das negociações.
Israel ataca liderança do Hamas no Catar
“O grande medo paira agora sobre o preço que os reféns podem pagar. Sabemos, pelos sobreviventes que retornaram do cativeiro, que a vingança dirigida contra eles após os ataques é cruel”, declarou o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, que representa a maioria dos sequestrados.
Em mais um duro editorial nesta quarta-feira, o jornal “Haaretz” afirma que o único objetivo do ataque é prolongar a guerra e expandir novas frentes e servirá para assinar a sentença de morte aos reféns.
“A operação não eliminou os inimigos de Israel, e não há nada para comemorar. O que eliminou foram nossas chances: encerrar a guerra, finalmente garantir a libertação dos reféns, interromper o colapso político e reputacional de Israel, interromper o derramamento de sangue de milhares em Gaza e pôr fim ao pesadelo que assombra Israel e Gaza há quase dois anos. O governo de Netanyahu provou, de uma vez por todas, que não há buraco para o qual ele não arrastará Israel”, opinou o jornal.
Ao que parece, Israel conduziu o ataque a Doha de forma independente e, diferentemente de outras ações realizadas em solo estrangeiro, assumiu abertamente o crédito por ela. “Israel iniciou, Israel conduziu e Israel assume a total responsabilidade”, assegurou o gabinete de Netanyahu.
A reivindicação israelense descartaria a participação ou a bênção do governo Trump à operação, conforme a mídia israelense especulou inicialmente. Ao contrário, o presidente americano fez questão de enfatizar seu descontentamento pelo ataque israelense ao Catar, país aliado, onde os EUA mantêm a principal base militar no Oriente Médio.
O Catar abriga há mais de uma década dirigentes do Hamas em seu território, mas, desde o ataque terrorista do grupo a Israel em outubro de 2023, o país ganhou papel crucial como mediador no conflito. Há dois anos, as propostas divergentes de solução para um acordo de paz convergiam em Doha. O ataque desta terça-feira minou esta via diplomática.
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Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
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Ainda não está claro se os comandantes do Hamas visados pela Operação Cúpula de Fogo em solo catariano estão entre os cinco mortos. Mas o bombardeio inédito e surpreendente de um prédio no centro de Doha, onde se acredita que eles estavam reunidos, terá graves consequências.
Um dos alvos era o negociador-chefe do grupo, Khalil al-Hayya, que o Hamas diz ter sobrevivido.
De imediato, o ataque interrompeu as negociações para um cessar-fogo no enclave palestino assolado por fome e destruição. E pôs novamente em xeque as intenções de Netanyahu sobre o destino dos reféns.
Em Israel, enquanto a base radical do premiê elogiava a operação, o ceticismo predominava, e as famílias dos sequestrados reagiam fortemente ao ataque, expressando raiva e desespero sobre o futuro das negociações.
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Em mais um duro editorial nesta quarta-feira, o jornal “Haaretz” afirma que o único objetivo do ataque é prolongar a guerra e expandir novas frentes e servirá para assinar a sentença de morte aos reféns.
“A operação não eliminou os inimigos de Israel, e não há nada para comemorar. O que eliminou foram nossas chances: encerrar a guerra, finalmente garantir a libertação dos reféns, interromper o colapso político e reputacional de Israel, interromper o derramamento de sangue de milhares em Gaza e pôr fim ao pesadelo que assombra Israel e Gaza há quase dois anos. O governo de Netanyahu provou, de uma vez por todas, que não há buraco para o qual ele não arrastará Israel”, opinou o jornal.
Ao que parece, Israel conduziu o ataque a Doha de forma independente e, diferentemente de outras ações realizadas em solo estrangeiro, assumiu abertamente o crédito por ela. “Israel iniciou, Israel conduziu e Israel assume a total responsabilidade”, assegurou o gabinete de Netanyahu.
A reivindicação israelense descartaria a participação ou a bênção do governo Trump à operação, conforme a mídia israelense especulou inicialmente. Ao contrário, o presidente americano fez questão de enfatizar seu descontentamento pelo ataque israelense ao Catar, país aliado, onde os EUA mantêm a principal base militar no Oriente Médio.
O Catar abriga há mais de uma década dirigentes do Hamas em seu território, mas, desde o ataque terrorista do grupo a Israel em outubro de 2023, o país ganhou papel crucial como mediador no conflito. Há dois anos, as propostas divergentes de solução para um acordo de paz convergiam em Doha. O ataque desta terça-feira minou esta via diplomática.
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