Europeus preparam plano de paz para guerra na Ucrânia que permitiria ocupação de territórios dominados pela Rússia, diz agênciaEuropeus preparam plano de paz para guerra na Ucrânia que permitiria ocupação de territórios dominados pela Rússia, diz agência
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o chanceler alemão, Friedrich Merz. Foto de 13 de agosto de 2025.
John Macdougall/Pool/AFP
Como alternativa às tratativas diretas entre Rússia e Estados Unidos, líderes da União Europeia e o governo ucraniano começaram a preparar um plano para colocar fim à guerra na Ucrânia, segundo noticiou nesta terça-feira (21) a agência de notícias Bloomberg com base em fontes da negociação.
O plano prevê, entre outros pontos, a ocupação pela Rússia de territórios ucranianos e que o presidente do EUA, Donald Trump, supervisione o cumprimento de um eventual acordo.
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A proposta prevê parar os combates na linha de frente atual, e garantias de segurança à Ucrânia. Em troca, os europeus retirariam gradualmente as sanções econômicas aplicadas à Rússia desde 2022. A agência não detalhou todos os pontos da proposta, porém alguns deles seriam os seguintes:
Parar a guerra na linha de frente atual;
Estabelecimento de um conselho de paz supervisionado por Trump;
Retorno de todas as crianças ucranianas sequestradas e trocas de prisioneiros;
A Ucrânia teria garantias de segurança contra novos ataques e também de uma rápida adesão à UE, além de dinheiro para reconstrução;
Europeus retiram gradualmente sanções da Rússia, mas elas voltariam se Putin voltar a atacar. Os bens russos congelados também seriam devolvidos.
Assim que concordarem com a proposta, Ucrânia e Rússia entrariam em negociações para governança dos territórios ocupados pelas tropas russas, segundo a Bloomberg. No entanto, nem o governo Zelensky nem a Europa reconheceriam esses territórios como russos.
O plano elaborado pelos europeus ainda seria apresentado a Trump nesta semana e alguns pontos poderiam mudar, segundo a Bloomberg. Nem Kremlin nem Washington se pronunciaram sobre esse plano europeu até a última atualização desta reportagem.
Uma declaração conjunta assinada por Zelensky, pelo premiê britânico Keir Starmer, pelo chanceler alemão Friedrich Merz, o presidente francês Emmanuel Macron, a presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, e líderes de outros países europeus pediu nesta terça (21) pelo fim imediato do conflito e ter a linha de frente dos combates como ponto inicial das negociações. Os europeus farão uma cúpula na sexta-feira para discutir mais apoio militar à Ucrânia no pós-guerra.
Trump pressiona tanto os europeus quanto a Rússia para o rápido fim da guerra. O presidente americano já fez propostas para terminar o conflito, porém nenhuma delas avançou até o momento. Ele falou com Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky na semana passada e disse que “está na hora de fazer um acordo”, porém sem dar mais detalhes.
Zelensky pediu a Trump que lhe entregue mísseis Tomahawk, de altos alcance e precisão, porém o líder americano não se comprometeu a fornecer os projéteis. Nesta semana, Trump disse não acreditar que a Ucrânia possa vencer a guerra contra os russos, porém disse que “tudo pode acontecer”.
Os Estados Unidos são aliados da Ucrânia e o apoiam militarmente desde a invasão russa em território ucraniano, em fevereiro de 2022, ainda quando Joe Biden era o presidente americano. A Otan também é aliada e fornece armamentos ao Exército de Volodymyr Zelensky.
Apesar de Trump dizer ser amigo do presidente Vladimir Putin, a Rússia é tratada como um inimiga na guerra —o líder americano reveza fases críticas e elogiosas, entre ameaças e afagos, a Putin como estratégia para chegar a uma solução ao conflito.
Apesar da declaração nesta segunda, Trump se mostrou otimista pelo fim do conflito e falou que acredita que, com seu apoio, a Ucrânia e a Rússia “chegarão lá”. Ele também contou que pediu ao presidente russo que pare os ataques contra civis em território ucraniano.
Trump teria pedido a Zelensky para que aceite termos da Rússia
Zelensky encontra com Trump na Casa Branca, mas sai de Washington sem compromisso de obter os mísseis Tomahawk
Segundo o jornal britânico “Financial Times”, Donald Trump pediu ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que aceite os termos da Rússia para encerrar a guerra na reunião que os dois tiveram na Casa Branca na sexta-feira (17).
Em reportagem publicada neste domingo (19), citando fontes que teriam participado do encontro, o jornal afirma que Trump insistiu que Zelensky entregasse toda a região oriental de Donbass à Rússia e alertou o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou “destruir” a Ucrânia caso um acordo não se concretize.
Ainda segundo o “Financial Times”, Putin ofereceu algumas pequenas áreas das duas regiões da linha de frente da guerra no sul, Kherson e Zaporizhzhia, em troca de partes muito maiores do Donbass que ainda estão sob controle ucraniano na ligação que realizou com Trump na quinta-feira (16).
Isso é menos do que sua demanda original, de 2024, que exigia que Kiev cedesse a totalidade de Donbass, além de Kherson e Zaporizhzhia no sul, uma área de quase 20.000 km².
Zelensky, que foi à Casa Branca em busca de armas para continuar lutando na guerra de seu país, parece não conseguido chegar a esse objetivo, porém convenceu Trump a voltar a apoiar o congelamento das atuais linhas de frente, diz o FT.
O que são os mísseis Tomahawk, que a Ucrânia quer usar na guerra contra a Rússia
Procurados para confirmar as informações, nem a Casa Branca nem o porta-voz do governo ucraniano se pronunciaram.

By Marsescritor

MARSESCRITOR tem formação em Letras, é também escritor com 10 livros publicados.