Guiana apoia incursão dos EUA na Venezuela; governo Maduro acusa país vizinho de fomentar 'frente de guerra'
Irfaan Ali, presidente da Guiana, e Nicolas Maduro, presidente da Venezuela
Federico Parra, Keno George/ AFP
Rival político da Venezuela, o governo da Guiana manifestou nesta segunda-feira (1º) apoio à incursão militar que os Estados Unidos fazem em águas do Caribe.
Caracas rebateu e acusou o país vizinho, com quem trava uma das principais disputas territoriais da América Latina, de fomentar uma “frente de guerra” no continente (leia mais abaixo).
Os dois países latino-americanos travam um dos principais embates territoriais do continente pelo controle de Essequibo, uma região da Guiana que Caracas reivindica ser da Venezuela. Em 2024, Maduro realizou um referendo sobre se seu país deveria tomar controle de Essequibo e afirmou que a maioria dos votos foi favorável a uma anexação.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse ser favorável à iniciativa do governo de Donald Trump, que oficialmente visa combater cartéis de drogas na América Latina, mas que, segundo especialistas, pode culminar em um ataque à Venezuela.
O apoio de Ali chega um dia depois de seu governo denunciar “disparos” vindos da Venezuela contra a embarcação que transportava material para as eleições gerais desta segunda-feira.
“Apoiaremos tudo o que eliminar qualquer ameaça à nossa segurança, não apenas em termos de soberania (…). Devemos nos unir para combater o crime transnacional, para combater o narcotráfico”, declarou à imprensa após votar nas eleições gerais da Guiana.
‘Frente de guerra’
Paralelamente, em Caracas, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, acusou a Guiana de tentar “criar uma frente de guerra” por meio de falsidades.
“Ontem (domingo) vimos um comunicado do governo da República Cooperativa da Guiana (…) tentam criar uma frente de guerra (…) isso não passa de uma ‘fake’ (falsidade)”, disse Padrino López.
Segundo a Guiana, a embarcação alvo do ataque seria uma lancha-patrulha que transportava pessoal militar e policial para fazer a escolta de funcionários eleitorais.
“A patrulha respondeu ao fogo de imediato e conseguiu colocar a equipe de escolta fora de perigo. Nenhum membro do pessoal ficou ferido e nenhum material eleitoral foi danificado ou comprometido”, acrescentou a Guiana em um comunicado.
Padrino López também condenou as declarações do governo de Trinidade e Tobago sobre esse combate ao narcotráfico, empreendido pelos Estados Unidos, que inclui o envio de vários navios de guerra e um submarino de propulsão nuclear.
Em agosto, o governo do presidente americano, Donald Trump, aumentou para 50 milhões de dólares (R$ 271 milhões) a recompensa por informações que levem à detenção de Maduro, ao apontar seus supostos vínculos com cartéis do narcotráfico.
“Lamentamos profundamente o pronunciamento estéril, inútil, vassalo destes governos que têm ajudado a narrativa do imperialismo norte-americano lendo um comunicado redigido em Washington”, concluiu Padrino López.
Navios de guerra dos EUA chegam ao Caribe

By Marsescritor

MARSESCRITOR tem formação em Letras, é também escritor com 10 livros publicados.