Conselho de Segurança da ONU aprova plano de paz de Trump para Gaza
O grupo terrorista Hamas rejeitou nesta terça-feira (18) a aprovação do plano de paz na Faixa de Gaza pelo Conselho de Segurança da ONU. Já o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou a aprovação do texto. Membros da extrema direita do governo de Israel, no entanto, adotaram tom crítico.
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O plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para finalizar a guerra entre Israel e Hamas foi aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira. O texto prevê a reconstrução de Gaza, a entrada de uma força internacional de estabilização para garantir a segurança no território —devastado após o conflito—, o desarmamento do grupo terrorista Hamas e abre um possível caminho futuro para um Estado palestino independente. (Leia mais abaixo)
O Hamas afirmou que o plano adotado pelo Conselho de Segurança da ONU é enviesado para Israel e não atende aos interesses dos palestinos. Ainda na segunda-feira, o grupo terrorista havia dito que se recusa a entregar as armas.
“Essa resolução adota integralmente o lado israelense e ignora completamente o lado palestino e os interesses do povo palestino em Gaza. Netanyahu não quer continuar com o acordo de cessar-fogo, e sim impor sua visão para a Faixa de Gaza e toda a região”, afirmou o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, à agência de notícias Reuters.
Netanyahu afirmou em publicações na rede social X nesta terça que “aplaude Trump e seu time devoto e incansável”, voltou a mencionar o retorno dos corpos de reféns restantes que o Hamas ainda não entregou e pediu a expulsão do grupo terrorista de Gaza.
“Acreditamos que o plano do presidente Trump abrirá caminho para a paz e a prosperidade porque insiste na desmilitarização, desarmamento e desradicalização totais de Gaza”, afirmou Netanyahu em publicação no X.
A Autoridade Palestina também elogiou a aprovação do plano de paz para Gaza e disse estar pronta para a imediata implementação no território —apesar de não deter o controle do território que foi palco do conflito, apenas de algumas partes da Cisjordânia.
Plano de Trump aprovado na ONU
Ataques aéreos israelenses atingem um quarteirão residencial perto da Mesquita de Al-Sousi, na Faixa de Gaza, em 29 de outubro de 2025
Hashem Zimmo/TheNewsS2/Estadão Conteúdo
A Rússia, que havia apresentado uma resolução concorrente, absteve-se juntamente com a China na votação — no fim, foram 13 votos a favor da resolução, 0 contra e 2 abstenções, de Pequim e Moscou.
A votação foi um passo crucial para o frágil cessar-fogo e para os esforços de delinear o futuro de Gaza após dois anos de guerra entre Israel e o Hamas.
Países árabes e outros países muçulmanos que manifestaram interesse em fornecer tropas para uma força internacional sinalizaram que a autorização do Conselho de Segurança era essencial para sua participação.
A resolução dos EUA endossa o plano de cessar-fogo de 20 pontos do presidente Donald Trump, que prevê um Conselho de Paz ainda a ser estabelecido como autoridade de transição, que seria presidido por Trump.
A resolução também autoriza a força de estabilização e lhe confere um amplo mandato, incluindo a supervisão das fronteiras, a garantia da segurança e a desmilitarização do território. A autorização para a força e o conselho expira no final de 2027.
Após a aprovação o grupo terrorista Hamas afirmou que rejeita a resolução. Segundo o Hamas, a resistência contra Israel por todos os meios é “legítima” e, portanto, o grupo se recusa a entregar as armas.
Apoio à autodeterminação palestina
Palestinos passam pelos escombros de prédios destruídos, em meio a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, na Cidade de Gaza , em 14 de outubro de 2025
REUTERS/Dawoud Abu Alkas
Durante quase duas semanas de negociações sobre a resolução dos EUA, as nações árabes e os palestinos pressionaram os Estados Unidos a deixar mais clara no texto o apoio à autodeterminação palestina, o que implica na implementação de um Estado palestino independente.
A inclusão deste ponto no texto, que originalmente era muito mais vago, contribuiu para a aprovação dele no Conselho.
Os EUA revisaram o texto para afirmar que, após a Autoridade Palestina — que agora governa partes da Cisjordânia — implementar reformas e após o avanço da reconstrução da devastada Faixa de Gaza, “as condições poderão finalmente estar reunidas para um caminho crível rumo à autodeterminação e à criação de um Estado palestino”.
“Os Estados Unidos estabelecerão um diálogo entre Israel e os palestinos para chegar a um acordo sobre um horizonte político para a coexistência pacífica e próspera”, acrescenta o texto.
A redação do item irritou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que prometeu no domingo (16) se opor a qualquer tentativa de estabelecer um Estado palestino. Ele há muito afirma que a criação de um Estado palestino beneficiaria o Hamas e, eventualmente, levaria a um Estado ainda maior, controlado pelo Hamas, nas fronteiras de Israel.
Um fator crucial para a aprovação da resolução foi o apoio de nações árabes e muçulmanas que pressionam por um cessar-fogo e que potencialmente contribuirão para a força internacional. A missão dos EUA nas Nações Unidas divulgou uma declaração conjunta na sexta-feira com o Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Indonésia, Paquistão, Jordânia e Turquia, pedindo a “rápida adoção” da proposta americana.
A votação ocorreu em meio à esperança de que o frágil cessar-fogo em Gaza fosse mantido após a guerra iniciada pelo ataque surpresa do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas.
A ofensiva israelense, que já dura mais de dois anos, matou mais de 69 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza controlado pelo Hamas, que não faz distinção entre civis e combatentes, mas afirma que a maioria das vítimas são mulheres e crianças. Os números do Hamas são condizentes com as estimativas de vítimas em Gaza de entidades internacionais, incluindo as da ONU.
O que mais a proposta dos EUA diz?
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina junto com outros líderes mundiais acordo de cessar-fogo em Gaza durante cúpula no Egito em 13 de outubro de 2025.
REUTERS/Suzanne Plunkett/Pool
A resolução dos EUA exige que a força de estabilização assegure “o processo de desmilitarização da Faixa de Gaza” e “o desarmamento permanente de grupos armados não estatais”. Uma grande questão é como desarmar o Hamas, que não aceitou essa medida.
A proposta autoriza a força a “usar todas as medidas necessárias para cumprir seu mandato”, em conformidade com o direito internacional, que é a linguagem da ONU para o uso da força militar.
A resolução afirma que as tropas de estabilização ajudarão a garantir a segurança das áreas fronteiriças, juntamente com uma força policial palestina que elas treinaram e avaliaram, e que coordenarão com outros países para assegurar o fluxo de assistência humanitária. A resolução também afirma que a força deve consultar e cooperar estreitamente com o Egito e Israel, países vizinhos.
À medida que a força internacional estabelecer o controle e traz estabilidade, a resolução determina que as forças israelenses se retirarão de Gaza “com base em padrões, marcos e prazos vinculados à desmilitarização”. Esses critérios devem ser acordados entre a força de estabilização, as forças israelenses, os EUA e os garantes do cessar-fogo, segundo a resolução.

By Marsescritor

MARSESCRITOR tem formação em Letras, é também escritor com 10 livros publicados.