Benjamin Netanyahu solicita perdão presidencial em julgamento por corrupção
Muito já se falou sobre o instinto de sobrevivência do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, no comando de Israel por mais de 18 anos, e suas manobras políticas para se manter no poder. Há cinco anos ele é réu num julgamento por três casos de corrupção, que se arrasta entre guerras contra Hamas, Hezbollah e Irã, turbulências políticas e sucessivas tentativas de adiamento.
Neste domingo, o premiê apelou, finalmente, ao perdão do presidente Isaac Herzog para livrá-lo das acusações antes mesmo do veredicto da Justiça.
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No pedido de indulto, descrito em duas cartas de 111 páginas, redigidas por ele e por seu advogado, Netanyahu alega que o perdão presidencial “curaria as divisões sociais causadas em parte pelo julgamento e seus efeitos subsequentes”.
Não é o que afirmam seus adversários, como o líder da oposição, Yair Lapid, que rejeitou expressamente a concessão ao premiê. “Não se pode conceder indulto a Netanyahu sem uma admissão de culpa, uma expressão de remorso e um afastamento imediato da vida política”, resumiu. Outros opositores condicionaram o perdão à renúncia.
Mas o primeiro-ministro, que é processado por suborno, de fraude e abuso de confiança em três casos distintos, rejeita as acusações, prega a inocência e já deixou claro que não reconhecerá qualquer culpa pelos seus atos. Nem manifesta a intenção de abandonar a carreira como o mais longevo primeiro-ministro do país e também o primeiro a ser julgado no exercício do poder.
Netanyahu discursa para parlamentares no parlamento israelense em foto de 10 de novembro de 2025.
Ohad Zwigenberg/AP
A decisão está nas mãos do presidente, que, pela Lei Básica de Israel, pode conceder indulto a criminosos e reduzir ou alterar sentenças. Há um precedente de perdão antes do indiciamento, concedido pelo ex-presidente Chaim Herzog —pai do atual chefe de Estado—, em 1986 a quatro altos funcionários da Agência de Segurança de Israel implicados no assassinato de dois terroristas capturados e na tentativa de encobrir o crime.
Nessa nova empreitada da batalha legal de Netanyahu, a ajuda do presidente americano tem sido crucial. Em discurso no Parlamento israelense em outubro, Donald Trump sugeriu a Herzog o perdão ao premiê, dando indícios de que o plano para livrá-lo das acusações estava em processo de germinação.
“Senhor presidente, por que não lhe concede um indulto? Conceda-lhe um indulto. Vamos lá”, instigou, enaltecendo as qualidades de Netanyahu como “um dos maiores presidentes em tempos de guerra”. “E charutos e champanhe, quem se importa com isso?”, ponderou Trump. Num dos processos, Netanyahu e a mulher Sarah são acusados de receber cerca de US$ 260 mil em presentes de luxo em troca de favores políticos.
Trump sacramentou o pedido de clemência a Netanyahu em uma carta enviada a Herzog no mês passado, que foi encarada como uma intervenção externa na política interna. O presidente americano indicava, contudo, ter lugar de fala na defesa de um de seus aliados mais notórios.
Donald Trump, presidente de Israel Isaac Herzog e premiê Benjamin Netanyahu, no Knesset, em 13 de outubro de 2025
Evan Vucci/Pool via REUTERS
“Embora eu respeite absolutamente a independência do sistema judiciário israelense e suas exigências, acredito que o ‘caso’ contra Bibi, que lutou ao meu lado por muito tempo, inclusive contra o Irã, um adversário muito difícil de Israel, é uma perseguição política e injustificada”, escreveu.
No pedido enviado de clemência na quinta-feira a Herzog, Netanyahu faz referência ao indulto a Richard Nixon, concedido pelo sucessor Gerald Ford, sem que o ex-presidente tenha sido condenado. Mas, diferentemente do primeiro-ministro israelense, Nixon renunciou antes de ser indiciado formalmente. O perdão de Ford evitou um julgamento criminal pelo envolvimento no escândalo de Watergate.
Ainda assim, apesar do indulto, o ex-presidente americano carregou para sempre o estigma da corrupção, conforme assinalou o jornalista e historiador Joshua Leifer em artigo no “Haaretz”.
“Na política americana, Nixon permanece uma metonímia para a corrupção grotesca e as armadilhas do cinismo maquiavélico. O indulto legal não neutralizou o odor de irregularidades que o acompanhou até o fim da sua vida”, pondera. Tal sina tende a perseguir Netanyahu, caso obtenha o perdão de Herzog.
Muito já se falou sobre o instinto de sobrevivência do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, no comando de Israel por mais de 18 anos, e suas manobras políticas para se manter no poder. Há cinco anos ele é réu num julgamento por três casos de corrupção, que se arrasta entre guerras contra Hamas, Hezbollah e Irã, turbulências políticas e sucessivas tentativas de adiamento.
Neste domingo, o premiê apelou, finalmente, ao perdão do presidente Isaac Herzog para livrá-lo das acusações antes mesmo do veredicto da Justiça.
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No pedido de indulto, descrito em duas cartas de 111 páginas, redigidas por ele e por seu advogado, Netanyahu alega que o perdão presidencial “curaria as divisões sociais causadas em parte pelo julgamento e seus efeitos subsequentes”.
Não é o que afirmam seus adversários, como o líder da oposição, Yair Lapid, que rejeitou expressamente a concessão ao premiê. “Não se pode conceder indulto a Netanyahu sem uma admissão de culpa, uma expressão de remorso e um afastamento imediato da vida política”, resumiu. Outros opositores condicionaram o perdão à renúncia.
Mas o primeiro-ministro, que é processado por suborno, de fraude e abuso de confiança em três casos distintos, rejeita as acusações, prega a inocência e já deixou claro que não reconhecerá qualquer culpa pelos seus atos. Nem manifesta a intenção de abandonar a carreira como o mais longevo primeiro-ministro do país e também o primeiro a ser julgado no exercício do poder.
Netanyahu discursa para parlamentares no parlamento israelense em foto de 10 de novembro de 2025.
Ohad Zwigenberg/AP
A decisão está nas mãos do presidente, que, pela Lei Básica de Israel, pode conceder indulto a criminosos e reduzir ou alterar sentenças. Há um precedente de perdão antes do indiciamento, concedido pelo ex-presidente Chaim Herzog —pai do atual chefe de Estado—, em 1986 a quatro altos funcionários da Agência de Segurança de Israel implicados no assassinato de dois terroristas capturados e na tentativa de encobrir o crime.
Nessa nova empreitada da batalha legal de Netanyahu, a ajuda do presidente americano tem sido crucial. Em discurso no Parlamento israelense em outubro, Donald Trump sugeriu a Herzog o perdão ao premiê, dando indícios de que o plano para livrá-lo das acusações estava em processo de germinação.
“Senhor presidente, por que não lhe concede um indulto? Conceda-lhe um indulto. Vamos lá”, instigou, enaltecendo as qualidades de Netanyahu como “um dos maiores presidentes em tempos de guerra”. “E charutos e champanhe, quem se importa com isso?”, ponderou Trump. Num dos processos, Netanyahu e a mulher Sarah são acusados de receber cerca de US$ 260 mil em presentes de luxo em troca de favores políticos.
Trump sacramentou o pedido de clemência a Netanyahu em uma carta enviada a Herzog no mês passado, que foi encarada como uma intervenção externa na política interna. O presidente americano indicava, contudo, ter lugar de fala na defesa de um de seus aliados mais notórios.
Donald Trump, presidente de Israel Isaac Herzog e premiê Benjamin Netanyahu, no Knesset, em 13 de outubro de 2025
Evan Vucci/Pool via REUTERS
“Embora eu respeite absolutamente a independência do sistema judiciário israelense e suas exigências, acredito que o ‘caso’ contra Bibi, que lutou ao meu lado por muito tempo, inclusive contra o Irã, um adversário muito difícil de Israel, é uma perseguição política e injustificada”, escreveu.
No pedido enviado de clemência na quinta-feira a Herzog, Netanyahu faz referência ao indulto a Richard Nixon, concedido pelo sucessor Gerald Ford, sem que o ex-presidente tenha sido condenado. Mas, diferentemente do primeiro-ministro israelense, Nixon renunciou antes de ser indiciado formalmente. O perdão de Ford evitou um julgamento criminal pelo envolvimento no escândalo de Watergate.
Ainda assim, apesar do indulto, o ex-presidente americano carregou para sempre o estigma da corrupção, conforme assinalou o jornalista e historiador Joshua Leifer em artigo no “Haaretz”.
“Na política americana, Nixon permanece uma metonímia para a corrupção grotesca e as armadilhas do cinismo maquiavélico. O indulto legal não neutralizou o odor de irregularidades que o acompanhou até o fim da sua vida”, pondera. Tal sina tende a perseguir Netanyahu, caso obtenha o perdão de Herzog.

