Qualquer teste nuclear seria capaz de desestabilizar segurança mundial, diz chefe de agência de controle de armas nuclearesQualquer teste nuclear seria capaz de desestabilizar segurança mundial, diz chefe de agência de controle de armas nucleares
Trump ordena que Departamento de Defesa inicie testes com armas nucleares
A chefe da Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBTO, na sigla em inglês), que regula o uso de armas nucleares no mundo, alertou nesta quinta-feira (30) que qualquer teste do tipo seria capaz de desestabilizar a segurança mundial.
A fala do secretário-executivo da CTBTO, Robert Floyd, é uma reação à ordem que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ter dado para seu Departamento de Guerra para retomar testes com armas nucleares em meio a uma escalada de tensões com a Rússia. Trump justificou sua decisão ao acusar outros países de testarem armamentos do tipo. (Leia mais abaixo)
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“O Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT) proíbe todas as explosões nucleares. (…) Qualquer teste explosivo de arma nuclear, por qualquer Estado, seria prejudicial e desestabilizador para os esforços globais de não proliferação e para a paz e segurança internacionais. O sistema de monitoramento da CTBTO está pronto para detectar qualquer teste desse tipo e fornecer os dados aos Estados signatários do CTBT”, afirmou Floyd em comunicado.
Floyd disse também que o mundo enfrenta um momento “complexo e desafiador”, mas que é necessário trabalho conjunto contra a proliferação de armas nucleares. Ainda segundo o chefe da agência, um total de seis testes nucleares foram registrados no século XXI.
O CTBTO é uma organização internacional criada em 1996 para promover a implementação do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), que proíbe os testes de armas nucleares e foi assinado naquele ano por 186 países, incluindo todas as potências nucleares à época: EUA, Rússia, Reino Unido, França e China —a Coreia do Norte não é signatária. O tratado, no entanto, nunca entrou em vigor.
Também nesta quinta, a China a Rússia reagiram ao anúncio de Trump. Os chineses fizeram um apelo para que os EUA não conduzam testes com armas nucleares, enquanto os russos disseram que farão o mesmo caso os americanos testem seus armamentos.
“A China espera que os Estados Unidos cumpram de forma responsável as obrigações do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares e seu compromisso com a proibição dos testes, adotem ações concretas para proteger o sistema global de desarmamento e não proliferação nuclear e mantenham o equilíbrio e a estabilidade estratégica global”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun.
Trump não citou nominalmente outros países em seu comunicado, porém a Rússia e a Coreia do Norte têm realizado testes rotineiros com armamentos capazes de carregar ogivas nucleares. A decisão do presidente americano foi histórica, porque o último teste nuclear realizado pelos EUA foi há mais de 30 anos, em 1992. Um teste nuclear poderia causar uma escalada sem precedentes e uma sequência de testes realizados por diversas nações do mundo.
Perguntado em coletiva nesta quinta sobre a decisão de Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que não tem conhecimento de nenhum teste de arma nuclear. “Putin afirmou que, se qualquer potência abandonar a moratória, a Rússia também o fará”, afirmou Peskov.
Ao mesmo tempo, o presidente russo afirmou na quarta-feira que seu Exército testou com sucesso um super torpedo nuclear submarino com capacidade nuclear e que teria o potencial de tornar cidades costeiras inabitáveis. Dias antes, no domingo, a Rússia já havia testado seu novo míssil nuclear Burevestnik, uma arma considerada “invencível” pelo presidente russo.
Os Estados Unidos e a Rússia são as duas maiores potências nucleares do mundo e têm mais de cinco mil ogivas nucleares cada, segundo dados divulgados pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri) em janeiro deste ano.
A China está expandindo rapidamente seu arsenal e dobrou seu arsenal nuclear, de 300 ogivas para 600, nos últimos cinco anos, segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), um think tank americano especializado em guerra. A expectativa é que o país ultrapasse as mil armas nucleares até 2030. Trump disse acreditar que o programa nuclear chinês estará parelho com o americano dentro de 5 anos.
Trump retoma testes nucleares
Trump dá entrevista a bordo do Air Force One antes de chegar à Malásia, neste sábado (25).
Evelyn Hockstein/Reuters
“Os Estados Unidos têm mais armas nucleares do que qualquer outro país. Isso foi alcançado, incluindo uma atualização e renovação completa das armas existentes, durante o meu primeiro mandato. Devido ao imenso poder destrutivo, ODIEI fazer isso, mas não tive escolha! A Rússia está em segundo lugar, e a China vem bem atrás, mas estará em pé de igualdade dentro de cinco anos”, afirmou em uma rede social.
“Devido aos programas de testes de outros países, instruí o Departamento da Guerra a começar a testar as nossas armas nucleares em igualdade de condições. Esse processo terá início imediatamente”, concluiu.
Trump já havia criticado o exercício com o míssil Burevestnik, que ameaçou a Rússia dizendo que os EUA têm um submarino nuclear posicionado na costa da Rússia.
Segundo os EUA, a China mais do que dobrou o tamanho de seu arsenal nos últimos anos. Um desfile do Dia da Vitória em setembro exibiu cinco capacidades nucleares capazes de atingir o território continental dos Estados Unidos.
Segundo a agência de notícias Reuters, testes como esses fornecem evidências sobre o que qualquer nova arma nuclear é capaz de fazer — e se as armas mais antigas ainda funcionam.
Além de oferecer dados técnicos, o experimento seria visto na Rússia e na China como uma afirmação deliberada do poder estratégico dos Estados Unidos.
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By Marsescritor

MARSESCRITOR tem formação em Letras, é também escritor com 10 livros publicados.